sábado, 18 de agosto de 2018

Rita de Carvalho, psicóloga: “é o sentir que dá sentido à vida ”

Estas são as escolhas da nossa convidada desta semana para o Almanaque.
Se estivesse ligada ao mundo da arte, o que seria?
Uma fotografia. Para que, na memória de quem a visse, nunca se apagassem memórias de quem comigo momentos viveu. É preciso olhar a vida como um todo. Fragmentamos demasiado e, acabamos por complicar. É o sentir que dá sentido à vida e, para sentir, o todo é suficiente.

O projecto que mais gozo lhe deu fazer
O livro que ainda estou a escrever. O livro que pretende auxiliar quem, tanta vez, precisa de ajuda e não sabe ou não tem como a pedir. Falo de uma doença silenciosa. A doença do século XXI.

O espectáculo, concerto ou exposição que mais lhe ficou na memória
Como portuguesa e cosmopolita que me tornei, sem dúvida, o primeiro concerto dos nossos leirienses Silence 4. A conquista da liberdade. O marco de uma fase de crescimento. A entrada na minha adolescência.
O livro da sua vida
Ainda não o li. Ainda estou à espera daquele livro que me envolva de mente e corpo e que não mais me faça esquecer o seu nome. Na verdade, consigo prever quem será o autor

Um filme inesquecível
Adoro ver filmes. Mas sou extremamente descontraída com os títulos - pedi ajuda ao meu parceiro de quase uma vida para me ajudar -, e... talvez o Sete vidas

Se tivesse de escolher uma banda sonora para si, qual seria?
São muitas as músicas activadoras dos meus cinco sentidos. Temas de bandas distintas. Sou capaz de me dividir entre Whitney Houston, uma das maiores e melhores cantoras de todos os tempos, e os britânicos da minha adolescência, Take That. Dois marcos de vida distintos!

Um artista que gostava de ter visto no Teatro José Lúcio da Silva
Uma vez que esta pergunta me remete a pensar no passado, consideraria os Silence 4. Afinal de contas, fazem parte de um retrovisor com óptimas lembranças.

Uma viagem inevitável
Todas as viagens são inevitáveis. A condução é-me extremamente organizadora ao nível dos pensamentos. Penso que é a forma que encontro para não buzinar a todas as manobras perigosas com que me deparo.

Um vício que não gostava de ter
Se os vícios forem sinónimo de hedonia, não há nenhum que não gostasse de ter. Afinal de contas, ser-se hedonista é condição necessária para se florescer.

Um luxo
Gosto de coisas simples, no entanto, se é o sonho que comanda a vida, e se há sonhos com algum luxo? Claro que sim. Sonhar faz parte da condição humana e, quer queiramos quer não, todos nós acabamos por sonhar com o pouco provável de alcançar. Somos seres consumistas e humanamente insatisfeitos.

Uma personalidade que admira
Hernâni de Carvalho. O mundo precisa de mais pessoas com a capacidade de verbalizar descontentamento e que sejam defensores da Justiça. Pensar todos pensamos, mas poucos são os que têm a capacidade de exteriorizar pensamentos.

Um actor que gostava de levar a jantar
Esta pergunta é um pouco comprometedora. Na verdade, há 20 anos levava um actor. Agora substituía o actor por alguém com uma posição mais respeitável e considerável. Há 20 anos, diria David Charvet, pelo contemplar da beleza. Hoje, respondo Papa Francisco, pelo contemplar da alma.

Um restaurante da região
Se há coisa que aprecio na nossa região é a gastronomia, mas adoro a “auto-gastronomia”. Na verdade, diversidade e qualidade não falta na nossa região. O que falta, são mesas. Não vou descriminar, nem discriminar.

Um prato de eleição
Vou ter de me render a dois pratos: ao arroz de polvo e ao arroz de cabidela da minha mãe

Um refúgio na região
São imensos os recantos repletos de magia e de luz fantásticas, mas também são muitos os portugueses com problemas ao nível da saúde mental (um em cada cinco) que, nos últimos tempos, acabaram por comprometer grande parte da nossa beleza paisagística. Alguma vez vamos voltar a ter o prazer de contemplar o nosso pinhal como outrora?
Um sonho para Leiria
Um sonho para Leiria não. Vários. Que o coração dos leirienses seja reflexo de gestos de solidariedade, com menos egoísmo. Com uma aposta mais intrínseca. Com uma maior capacidade de empatizar e de sentir o outro. De olhar e ver ao mesmo tempo. Que seja uma virose que se crie entre os demais. Sonhos que não precisam de verba. Sonhos que se concretizam com falta de orçamento, mas jamais com falta de valores.
Jornal de Leiria
REDACÇÃOJornal de Leiriaredaccao@jornaldeleiria.pt

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Para o Psicólogo, tudo é mutável!


De acordo com um recente artigo de opinião, em Portugal existem problemas de saúde que, afetam uma em cada cinco pessoas, apresentando um impacto profundo e prejudicial na vida pessoal, familiar e profissional. Estes problemas representam uma realidade portuguesa, estando associados a problemas de saúde mental. Portugal é o segundo País da Europa com maior prevalência deste tipo de problemas na população, problemas estes que são responsáveis por cerca de 40% dos anos vividos com incapacidade e níveis significativos de sofrimento pessoal e familiar. Este tipo de problemas, não só interfere com a capacidade para a realização de tarefas, como também interfere nas relações pessoais e nos tempos livres, limitando a pessoa a vários níveis. Para além de diminuir e prevenir o sofrimento, o investimento num serviço de acompanhamento psicológico pode poupar milhões de euros, produzindo respostas benéficas na vida da população a curto, médio e longo prazo.

É importante referir que, aquilo que para muitos é visto como uma doença e algo imutável, para o psicólogo, as perturbações mentais não são vistas como doenças, mas sim como hábitos de vida que foram adquiridos ao longo de todo o processo de desenvolvimento do individuo e, que são vistos como inadequados. Para o psicólogo não existem imutabilidades. 

De acordo com o relatório que cita o primeiro estudo epidemiológico nacional de saúde mental divulgado em 2013, as perturbações psicológicas afetam mais de 1/5 da população portuguesa. Com os valores mais altos de prevalência anual, destacam-se as perturbações de ansiedade e as perturbações depressivas. Muitas têm sido as notícias que fazem referência a estes dados.



“A saúde mental é tão importante como a saúde física para o bem-estar dos indivíduos, das sociedades e dos países. Grande é o número de pessoas afetadas por perturbações mentais, em que muitas das quais, não recebem qualquer tipo de tratamento. Embora os sintomas das perturbações mentais variem consideravelmente, tais comportamentos caracterizam-se por uma combinação de ideias, emoções, comportamentos e relacionamentos desarmonizados com outras pessoas. Os genes e o meio ambiente estão envolvidos numa série de complexas interações, sendo responsáveis pelo desenvolvimento e evolução das perturbações mentais”.

Fonte: The World Health Report

terça-feira, 13 de junho de 2017

Coração!

É o mundo em que acreditamos, que nos faz criar o mundo em que vivemos. De que nos adianta querer viver algo em que não acreditamos? 
Não é uma questão de "The secret", como descreve Rhonda Byrne em seu livro, no entanto, muitas das coisas que provavelmente já fizeram parte das nossas vidas, aconteceram porque acreditámos seriamente que estas eram possíveis, contrariamente a outras, que aconteceram e jamais queríamos acreditar que estavam a acontecer. 




São as tais músicas que a vida toca e que nós jamais queríamos ouvir tocar....os tais momentos que a vida comanda e que nós tudo faríamos para impedir. É por isso que em vez de desperdiçarmos os nossos minutos de vida com tudo e todos aqueles que por nós não o fariam, devemos pensar que um minuto não é apenas um minuto, mas são sim sessenta segundos!
Se me dessem a escolher entre anos de vida ou 5 minutos de vida de amor, não pensaria duas vezes. Porque são as recordações de amor que fazem a vida valer a pena! O que é pena.....e é triste.... é que o amor das pessoas se esteja a desvanecer de dia para dia em prol daquilo que nunca poderão levar para onde quer que possam ir. 

Amor que é amor permanece, independentemente do tempo desse amor. Já os materiais são apenas consumíveis e incomparáveis, e aquele que hoje é o mais desejado, amanhã já estará ultrapassado porque chegou um mais moderno ao mercado. E eu pergunto: "Como é que é possível as pessoas abdicarem de uma coisa em prol de outra completamente oposta e em que nada se complementam?!".... Há perguntas às quais nem sempre obtemos respostas, e esta, certamente será uma delas. São atentados ao que nos dá vida....ao coração!

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Viver!!!

À medida que o tempo passa, não são apenas os lugares que mudam. Também as pessoas se modificam de acordo com esses lugares, e os seus valores estão muito aquém de serem imateriais. A maioria das pessoas vive num Mundo de materialismo, desprezando valores que nos acompanham, mas que cada vez mais, são vistos como apêndices, como algo que não faz parte integrante do "EU". 

São as casas, os plasmas, os carros, as roupas...Uma enorme percentagem do ser humano (salvo raras excepções) vive para este materialismo que parece contemplar apenas uma coisa chamada aparência. 



Há uns dias atrás conheci uma pessoa com uma aparência notável, bem vestida, bem maquilhada e penteada, dona de duas casas bem compostas (uma no campo e outra na praia) e com um belíssimo carro (bmw X6). Mais tarde vim a saber que essa pessoa tão bem aparentada que conheci, não tinha onde dormir. E eu pergunto: Mas afinal com que racionalidade vivem as pessoas? Como podem ser felizes quando não têm uma almofada digna de conforto?! 

Pois é, isto tudo para realçar o facto de que as pessoas vivem cada vez mais segundo a Lei do "bem parecer", ao invés de viverem por aquilo que são e que têm! Enquanto amarmos aquilo que não nos pertence, jamais iremos viver felizes com aquilo que amamos e que, por sua vez, nos pertence! Não são os plasmas, as casas ou os carros, que levamos desta vida. A lição não é essa. As lições não são essas. E parece que quando não são aprendidas, tendem a repetir-se. 

O que levamos desta vida são as aprendizagens; os sentimentos que nutrimos ao longo dela pelos demais que nos rodeiam; os valores imateriais! Valores esses que podem ser intemporais, caso sejam passados para a geração que nos prende! 

Sem Aconselhar digno-me a afirmar: Amem tudo aquilo que têm e não aquilo que gostariam de ter! Quanto muito, podemos sonhar com aquilo que um dia poderemos vir a alcançar! Mas diria mesmo que, deixar de amar o que se tem por aquilo que não se tem, é um atentado à própria Vida! É nas pequenas coisas que sentimos os enormes gestos de amor!



Texto de Rita de Carvalho